O que é a Amarc?
A AMARC – Associação Mundial de Rádios Comunitárias, fundada em 1983, no Canadá, é uma organização não governamental internacional, de caráter laico e sem fins de lucro. Agrupa mais de 4.000 rádios comunitárias, Federações e aliados das rádios comunitárias em mais de 115 países.
A missão da AMARC é promover a democratização das comunicações para favorecer a liberdade de expressão e contribuir para o desenvolvimento equitativo, socialmente justo e sustentável de nossos povos. Democratizar a palavra para democratizar a sociedade.
Os jornalistas e as jornalistas, comunicadores e comunicadoras, rádios comunitárias e centros de formação e produção associados à AMARC contribuem para a livre expressão dos distintos movimentos sociais, políticos e culturais, assim como a promoção de toda iniciativa que busque a paz, a amizade entre os povos, a democracia e o desenvolvimento. São organizações e pessoas que trabalham pela democratização da comunicação, da sociedade e da cultura. Refletem e ajudam a construir as identidades, falam as línguas e linguagens locais e produzem novas agendas públicas para o debate da cidadania. Esta construção de cidadania se fundamenta na capacidade de mulheres e homens, adultos, jovens e crianças estabelecerem relações humanas baseadas na igualdade de direitos.
Na América Latina e no Caribe (ALC) a associação foi fundada em 1990. Hoje, a AMARC ALC conta um Conselho Regional com representações das sub-regiões (Países Andinos, América Central, Cone Sul, México, Brasil, e Caribe). São cerca de 400 associadas, com 18 Representações Nacionais (pessoas/entidades que representam a AMARC em seus países). Essas representações impulsionam as atividades da AMARC em seus países.
A história da AMARC – Era uma vez, em 1983…
A AMARC evolui a um ritmo tal que seus gestores e membros não se dão conta do tempo transcorrido. Não obstante, o inigualável movimento de rádios comunitárias constituído pela Associação festejou seus 15 anos em 1998. Voltando um pouco mais no tempo, um grupo de apaixonados pela radiodifusão comunitária se reuniu quase que espontaneamente em Montreal, no Canadá – ali se evidenciou um movimento mundial que unia aquelas pessoas.
Em 1986, por ocasião da II Assembleia Mundial realizada em Vancouver, no Canadá, o que no princípio foi um movimento espontâneo, se converteu oficialmente na Assembleia Mundial de Rádios Comunitárias – AMARC. Em 1988, em Manágua, na Nicarágua, AMARC adquiriu o título de Organização Não Governamental.
Em Dublin, na Irlanda, em 1990, as discussões da IV Assembleia Mundial de AMARC, se centraram na afirmação do Direito à Comunicação. Na mesma ocasião, um grupo de mulheres propôs a criação de uma rede internacional das mulheres trabalhadoras no setor de rádio comunitária.
Mas a Rede Internacional de Mulheres só foi criada em 1992, na V Assembleia, em Oaxtepec, no México. Na mesma ocasião nasce a Rede de Solidariedade da AMARC.
Em Dakar, no Senegal, a VI Assembleia conformou a existência de um movimento arraigado localmente através de escritórios regionais fortes e autônomos, que evoluíam com eficácia num contexto mundial de globalização.
A VII Assembleia Mundial de AMARC aconteceu em Milão, na Itália, em agosto de 1998. Esta Assembleia seguiu o alinhamento determinado em Dakar, a fim de facilitar a organização do caminho a seguir a partir de três novas fronteiras: a fronteira legal, no reconhecimento dos meios comunitários dentro das novas legislações internacionais; a fronteira técnica, ajudando seus membros a assumirem a virada tecnológica e permitindo a colaboração das rádios comunitárias com outros meios de vocação similar; e a fronteira geográfica, abrindo caminho para trabalhar a questão na Ásia e nos países árabes.
A VIII Assembleia Mundial e Conferência da AMARC em Katmandú, no Nepal, em 2003, foi a maior reunião de produtores de rádios comunitárias ocorrida na região, representando uma “pedra fundamental” para o desenvolvimento do movimento de rádios comunitárias na região da Ásia-Pacífico. Por outro lado, os participantes da reunião aprovaram um plano de ação estratégico da AMARC para o período compreendido entre 2003 e 2006. A Declaração de Katmandu foi o documento final elaborado a partir das deliberações e adotado pela Assembleia Geral.
A IX Assembleia Mundial, AMARC 9, aconteceu em Aman, na Jordânia. O anfitrão da conferência, junto com outros meios de comunicação e grupos de jornalistas da Jordânia e da Palestina foi o pioneiro da radiodifusão pela Internet, e agora em FM, Ammannet. Mais de 300 radiodifusores comunitários de mais de 110 países, de todas as regiões do mundo estiveram presentes. A AMARC 9 durou uma semana e foi uma oportunidade para que os participantes pudessem analisar e explorar os desafios que enfrentam as rádios.
A Declaração de Aman reconhece o importante papel das rádios comunitárias na conquista dos objetivos do milênio, possibilitando o conhecimento dos desafios dominantes do desenvolvimento através do mundo e promovendo a participação e a apropriação das pessoas do processo de desenvolvimento.
A última Assembleia Mundial, a AMARC 10, aconteceu pela primeira vez na América do Sul e reuniu representantes de mais de 500 rádios comunitárias de todas as regiões do mundo e aliados de 87 países. A sede foi a cidade de La Plata, Buenos Aires, Argentina, de 8 a 13 de novembro de 2010. As atividades da Conferência ocorreram no Centro Cultural Pasaje Dardo Rocha, cenário dos acontecimentos culturais mais importantes da cidade de La Plata.
No último dia da Assembleia foram realizadas as eleições do novo conselho internacional da AMARC. A AMARC Brasil participou com 8 votos, ressaltando que somente rádios e centros de produção com as últimas três anuidades pagas podiam votar. Presencialmente votaram Criar Brasil, Unirr, Ilê Mulher, Associação Mulheres na Comunicação e Liberta; Independência FM, Oboré e ComVida tiveram seus votos representados. A excelente notícia foi a eleição de Pía Matta, ex-presidenta da AMARC América Latina, que agora assume a presidência mundial. Os nomes eleitos para o Conselho foram:
Maria Pia Matta, Presidente, Chile.
Emmanuel Boutterin, Vicepresidente, França.
Franklin Huizies, Tesoureiro, África do Sul.
Maria Eugenia Chávez, Vicepresidente da rede internacional das mulheres, México.
Marcelo Solervicens, Secretário Geral, Canadá.
Ashish Sen, Vicepresidente pela Região da Ásia-Pacífico, Índia.
Oumar Seck Ndiaye, Vicepresidente pela África, Senegal.
Carlos Aparicio, Vicepresidente pela América Latina e Caribe, México.
Mariano Sanchez, Vicepresidente pela Europa, Espanha.
Sony Esteus, Vicepresidente, Haiti.
Silvia Richardson, Vicepresidente, Canada.
Wilna Quarmine, Vice presidente, Gana.
Sawsan Zaida, Vicepresidente, Jordânia.
Steve Buckley, Presidente que sai (membro ex-ofício do Conselho de Administração sem direito a voto, durante um ano)
A AMARC 10 entregou pela sexta vez o Prêmio da Solidaridade, dessa vez para as rádios comunitárias de Haiti por seu papel de apoio à população após o terremoto de fevereiro de 2010.
Por fim, a AMARC determinou as linhas estratégicas de ação da rede para 2011-2014, reunindo em parte os ricos conteúdos, frutos de dias de intercâmbios e debates em plenárias, seminários e oficinas sobre como: ampliar a incidência social das rádios comunitárias no desenvolvimento, na democratização e no reconhecimento da diversidade; assegurar o estabelecimento de marcos regulatórios que permitam o desenvolvimento das rádios comunitárias, e; fortalecer a sustentabilidade social, econômica e política do setor dos meios comunitários a nível local, regional e internacional.
E a história da AMARC continua…