NO PARÁ, MEGAPROJETOS DE DESENVOLVIMENTO AFETAM COMUNIDADES TRADICIONAIS E MEIO AMBIENTE

Açaí (foto: portal brasil) A região do Baixo Amazonas no estado do Pará tem sofrido nas últimas décadas com invasões de pessoas e empresas de outras regiões do país e até mesmo do exterior, que se apropriam, de áreas de preservação permanente para desenvolver suas atividades.
Um dos exemplos dessa invasão está no município de Alenquer, no Oeste do Pará, onde a empresa Açaí Amazonas com a concessão da Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade e do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) desenvolve em uma área de aproximadamente 500 hectares o plantio irrigado de açaí, planta típica das beiras de igarapés da Amazônia.
De acordo com o Isaias Batista, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Alenquer, após a instalação da empresa na localidade, os comunitários começaram a ir ao sindicato para reclamar de problemas de saúde causados pela contaminação da água devido ao uso excessivo de agrotóxicos nas plantações.
Outro problema de desmando ambiental está sendo presenciado no município de Belterra, também no Oeste do Pará, onde os vereadores aprovaram o desmembramento de parte da Área de Proteção Ambiental (APA) Aramanaí que fica as margens do Rio Tapajós, próximo a Vila Balneária de Alter do Chão, cartão postal do vizinho município de Santarém.
Uma das justificativas para o desmembramento da APA é liberar a área desmembrada para a construção de portos, transformando o município em nova rota de embarque de grãos e insumos do agronegócio.
Dos 439 mil 835 hectares de Belterra, 247 mil 802 hectares, compreendem a Floresta Nacional do Tapajós, ou seja, 46,98 por cento da área total da unidade de conservação estão no município de Belterra e outra parte está sendo tomada pela pecuária extensiva e a invasão do agronegócio, tomando lotes até na zona urbana.
Em entrevista ao repórter Eduardo Enrique, Neilton Miranda, liderança do movimento social de Belterra, fala das consequências do atual modelo de desenvolvimento que privilegia o sul do país.
Ultimamente, os movimentos sociais da região vem se organizando para enfrentar e combater o avanço do agronegócio e também buscado estruturas para o fortalecimento da agricultura familiar. A criação do Fórum Metropolitano da Agricultura Familiar em março deste ano e, mais recentemente, o Fórum Permanente de Combate aos Agrotóxicos no Baixo Amazonas são exemplos desta mobilização. (pulsar)
*A reportagem foi realizada pelo comunicador Eduardo Enrique, que também integra a rede Mídia dos Povos, para a Pulsar Brasil. Para ouvir os áudio, entre em: http://brasil.agenciapulsar.org/mais/politica/brasil-mais/no-paramegaprojetos-de-desenvolvimento-afetam-comunidades-tradicionais-e-meio-ambiente/