Torcedores reagem à proibição de bandeiras e instrumentos musicais no Maracanã
Nesta quinta-feira (11), o Consórcio Maracanã S/A anunciou uma série de restrições aos torcedores no estádio. Segundo João Borba, presidente do grupo formado pelas empresas Odebrecht, IMX e AEG, o uso de artefatos tradicionalmente presentes nas festas das torcidas no Maracanã será impedido.
Isso inclui o veto a bandeiras de bambu, bandeirões, instrumentos de percussão e fogos de artifício de qualquer natureza. Não será permitido tampouco assistir ao jogo em pé ou sem camisa. O anúncio reforçou argumentos críticos à concessão do Maracanã e causou revolta entre grupos de torcedores.
Para o estudante Lucas Pedretti, membro da torcida Guerreiros do Almirante, do Vasco, a privatização já era negativa por descaracterizar arquitetonicamente o estádio e por resultar na derrubada dos prédios históricos do complexo do Maracanã. Segundo ele, com o anúncio das proibições, o novo gestor “enterra de vez o antigo Maracanã” e confirma o “processo de elitização e de expulsão do torcedor tradicional”.
Flavio Vilela, representante da Frente Nacional dos Torcedores (FNT), caracteriza a postura do consórcio como “covardia”, uma vez que reprime justamente os responsáveis pela “mística” do Maracanã. Em sua opinião, o tradicional canto “O Maraca é Nosso!” está sendo substituído por uma percepção de um estádio reservado aos que podem pagar altos preços e aceitarão as proibições.
Medidas de imposição cultural em meio à preparação para Copa do Mundo de 2014 já vêm sendo criticadas. Em março, a Fifa afirmou que seria necessário “reeducar” os torcedores brasileiros. Houve, ainda, polêmicas sobre a proibição de festas de São João na Bahia durante a Copa das Confederações, e da venda de acarajé na Arena Fonte Nova. No anúncio feito ontem, o presidente do Consórcio Maracanã S/A caracterizou as restrições como “mudança de hábito”. (pulsar)