População se manifesta contra altos investimentos na Copa, no dia da estreia da Copa das Confederações em Fortaleza
Em Fortaleza, uma manifestação realizada por cerca de 50 mil pessoas para protestar contra os altos gastos com a Copa do Mundo foi duramente reprimida pela Polícia Militar nesta quarta-feira (19). A população sofre com a falta de investimentos em áreas básicas como saúde, educação e segurança.
O protesto “ Mais Pão menos Circo , Copa para Quem?” foi iniciado pela manhã na BR-116 e tentou avançar para os arredores do estádio Castelão, onde a seleção brasileira jogava contra o México pela Copa das Confederações. Os manifestantes conseguiram furar o primeiro bloqueio feito pela Polícia Militar a cerca de 3 km do estádio, mas os policiais responderam com bombas de efeito moral e balas de borracha quando eles chegaram à segunda barreira policial.
Roger Pires, jornalista e membro do Comitê Popular da Copa de Fortaleza, explica que a manifestação surgiu de forma espontânea, através das redes sociais, mas que foi abraçado por diversos coletivos e movimentos sociais da cidade. Para ele, há uma relação evidente entre a luta pela redução das tarifas de transporte e a realização da Copa do Mundo, uma vez que os altos gastos anunciados pelos governos para os megaeventos esportivos contrastam com a falta de recursos para proporcionar mobilidade urbana de qualidade a baixos custos.
Há ainda outras questões envolvidas. Na capital do Ceará, a estimativa é que cerca de 5 mil famílias em mais de 20 comunidade sejam removidas para dar lugar às obras de mobilidade urbana. No entanto, afirmam que há muita falta de informação e diálogo com as comunidades.
No último dia 14, na véspera da abertura da Copa das Confederações no Brasil, a relatora especial da Organização das Nações Unidas (ONU), Raquel Rolnik, reconheceu que no meio deste processo muitos governos promovem despejos e deslocamentos forçados, além de pagar baixas indenizações. Ela explica que, como o reassentamento dessas famílias é dificultado, se criam condições inadequadas que acentuaram a desigualdade e aumentam os índices de pobreza. (pulsar)
Ouça o áudio:
Roger Pires, do Comitê Popular da Copa de Fortaleza, explica a relação entre preço das passagens e Copa do Mundo