Rosmari de Castilhos
Ouvinte de programas de rádio durante a infância, Rosmari de Castilhos, nasceu no ano de 1960, em Caxias do Sul e ingressou no curso de Filosofia na Universidade de Caxias do Sul, em 1978. Um ano depois, mudou-se para São Leopoldo a fim de cursar psicologia na Universidade do Vale dos Sinos. “Por acidente”, como coloca, transferiu-se para o curso de Comunicação Social, iniciando, assim, sua paixão pela comunicação comunitária e, posteriormente, pelas rádios comunitárias.
Já em 1984, na monografia de conclusão de curso, dedicou-se ao estudo dos jornais comunitários, mesmo já trabalhando em veículos de comunicação tradicionais. Paralelamente a isso, em 1986, o filósofo francês Gatari vem ao Brasil difundir sua obra sobre rádios piratas, disseminando suas idéias a partir de então. Segundo Rosmari, surgem várias rádios comunitárias entre o final da década de 80 e início da década de 90, tomando forma o movimento pela democratização da comunicação que reivindicava a regularização dessas rádios.
Nesse momento, começam as discussões sobre as diferenças entre as rádios piratas e comunitárias, estas últimas defendidas por Rosmari de Castilhos a partir de uma paixão despertada por pequeno anúncio no Jornal Correio do Povo. No interior do Rio Grande do Sul, desde então, já tomavam forma duas rádios com o perfil comunitário: socialmente inseridas na comunidade e cumprindo um papel educador. Uma em Arroio do Sal e a outra em Cachoeira do Sul.
Em 1998 é aprovada a lei que regulamenta o funcionamento das rádios comunitárias. Contudo, de acordo com Rosmari, essa não é garantia de concessão de outorga para as rádios comunitárias de fato, uma vez que os critérios são facilmente burláveis. Além disso, a lei tampouco garante o pleno funcionamento dessas rádios. Tais fatos fazem com que muitas emissoras comunitárias sigam como “clandestinas”, não cumprindo as regras estabelecidas pela Agência Nacional de Telecomunicações. Outro aspecto que facilita o surgimento de muitas novas rádios são as modernas tecnologias, os transmissores, por exemplo, antes confeccionados de forma artesanal, hoje têm muito melhor qualidade e são facilmente comprados.
Em 2003, Porto Alegre conta com cerca de vinte rádios comunitárias, a maioria sem outorga. No interior do estado, onde cumprem melhor seu papel, segundo Rosmari, existem outras tantas. Entretanto, muitas fogem drasticamente da função original e são utilizadas por partidos ou grupos políticos de todo o país. A plena validade da lei, que garante o funcionamento dessas rádios, é discutida pelos comunicadores populares com o novo governo. A outorga de prefixos comunitários, ainda é muito barrada, porque exercem uma grande concorrência junto às rádios comerciais. Em 2003, Rosmari de Castilhos desenvolveu um projeto de rádio comunitária, na Azenha, bairro de Porto Alegre, além de lecionar em um curso de formação de mulheres radialistas comunitárias. Está cursando pós-graduação na Unisinos e seu trabalho de conclusão é sobre comunicação comunitária. Em 2003, Rosmari completa 19 anos de trabalho e colaboração para a formação e desenvolvimento das rádios comunitárias.